Ser poeta
Ser poeta é uma merda,
só faz a gente sofrer.
As musas vão e vêm
Como se a gente fosse a porta giratória
de um hotel onde eventualmente se pernoita,
e onde deixam em vermelho incadescente
seus registros na portaria.
Se enredam na insubstância de nossas palavras
e nós viramos léxico arrumadinho, estrambótico, romântico,
para o deleite dos álbuns de recordações
deitados quietos nos escuros
enquanto elas, amadas,
vestidas dos pitéus finos de apaixonados adjetivos
despem-se em leitos alhures
sangrando as carnes e quebrando os ossos
de que elas não supõem
que somos também feitos.
Ser poeta é uma merda,
Preferiria a calma indiferença de uma concha,
um toco, um taco de assoalho.
Mas não adianta.
Ser poeta é uma merda.
Wednesday, December 02, 2009
Tuesday, November 24, 2009
Thursday, November 05, 2009
A longa jornada noite adentro
Estou num daqueles dias inestimáveis,
nos quais posso pedir em namoro as nuvens.
nos quais posso pedir em namoro as nuvens.
A vida como ela é
Eu se pudesse continuava a escrever com o tremoço em cima do u.
Mas este desejo, como outros que eu tenho,
jamais serão realizados, e nem reconhecidos.
A vida é que nem um zíper na praça do Belenzinho.
Mas este desejo, como outros que eu tenho,
jamais serão realizados, e nem reconhecidos.
A vida é que nem um zíper na praça do Belenzinho.
Tuesday, November 03, 2009
Norma Desmond
Dissimulada, e nem oblíqua
(privilégio de mulheres maduras).
Feito placa de estrada na neblina:
se está lá, nada de sinal carece,
e se já está, acontece onde sempre esteve.
(privilégio de mulheres maduras).
Feito placa de estrada na neblina:
se está lá, nada de sinal carece,
e se já está, acontece onde sempre esteve.
Tuesday, August 11, 2009
Para Paul Verlaine, vivo fosse
Hoje me parece que foi você quem deu ouvido
a meus delírios desvairados.
E que entre trema e trena
pontuou o inusitado
e mediu o desmedido.
(Neste botequim onde até o guardanapo é barato
registro estas histórias
que o coração me diz,
meus torpedos da lata aquém do mundo.
E é tão barata a filosofia que ela só nestes balcões ocorre,
e no boteco é onde sempre de verdade se morre.)
a meus delírios desvairados.
E que entre trema e trena
pontuou o inusitado
e mediu o desmedido.
(Neste botequim onde até o guardanapo é barato
registro estas histórias
que o coração me diz,
meus torpedos da lata aquém do mundo.
E é tão barata a filosofia que ela só nestes balcões ocorre,
e no boteco é onde sempre de verdade se morre.)
Monday, June 08, 2009
minha alma
minha alma anda turva
como a água a entupir minhas vias
respiratórias.
lágrimas sem filtro,
trilhas desandadas,
parece que tudo vai dar numa cachoeira de abandono.
(numa final inédita de meu campeonato
eu torço para qualquer time que ganhe,
desde que haja partida.)
fico pensando se é bom escrever este poema.
como a água a entupir minhas vias
respiratórias.
lágrimas sem filtro,
trilhas desandadas,
parece que tudo vai dar numa cachoeira de abandono.
(numa final inédita de meu campeonato
eu torço para qualquer time que ganhe,
desde que haja partida.)
fico pensando se é bom escrever este poema.
Friday, January 30, 2009
Para Olívia
Por minha filha estarei em estado
de eterna vigília.
Por ela, sempre, meu coração
vibrará em cada corda que ela tocar.
de eterna vigília.
Por ela, sempre, meu coração
vibrará em cada corda que ela tocar.
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