Monday, July 30, 2012

Há aves destinadas ao abate em pleno vôo.
Há pássaros que despencam dos galhos em súbitos desmaios,
Aturdidos com a delicadeza do rufar das folhas.
Há espécies canoras, cantando para o empetecado desfrute dos ingênuos
em suas ingênuas excursões ao campo.
Há as penas violentadas na rapina,
Na lei natural das coisas dos livros de biologia.
Há curiós assobiando de dentro de gaiolas o hino nacional.
Meu coração não desiste.
Ainda não chegou a minha hora.

São Paulo, 30 de julho de 2012

Saturday, July 28, 2012

Como a alga em que me enredo quando nado em meu mar primordial,
algo a cantar fundo em mim
com esta voz que teimo sempre em reconhecer,
substância concreta ao alcance de mãos que não a toca,
alamedas de árvores crestadas
esperando uma improvável primavera,
labirintos de barbantes invisíveis e um monstro lá dentro a esperar calado,
vulcões jamais extintos à espreita,
sombra minha que um dia há de me matar.

São Paulo, 15 de julho de 2012