Thursday, October 28, 2010

Poema brasiliense

Parece às vezes que meu coração murmura,
como se entoasse um mantra.
Antes assim, do que gritos,
antes assim do que o pulsar desabalado
de um desatino qual bonde sem condutor.

Tuesday, October 05, 2010

Brasília, 5 de outubro de 2010

Eu poderia com a memória de minhas mãos esculpir seu corpo da pedra.
Eu poderia com minhas mãos criar o fogo de velas que nunca se apagam,
e com o toque ligeiro de suas mãos em minhas costas tentar reconstruir um mundo.
Eu não consigo viver a vida de ilusões perdidas porque elas simplesmente não se perdem.
Eu não posso usar meus óculos escuros de noite,
mas eu também prefiro tropeçar na mobília destas coisas semoventes -
e não posso tratar como pronomes isso tudo,
designações impróprias de atitudes vãs.
Amar pode não ser um verbo intransitivo,
e o conjugo em cada quadra da cidade mágica.
Tem tanta matéria em nós que brilha,
tanta inconsistência destas tardes derretidas.
E estas luzes de memórias partilhadas até nunca mais.