Wednesday, May 30, 2012

Aspirina esparadrado não cura ferida nenhuma.
emplastro não alivia dor.
aspirina sem prescrição é veneno.
meu coração doi sem remédio.

19.1.2012
As palavras fogem de mim: caçarola, penico, mar, sombra, aeroporto,
desmazelo, princípio e fim,
nada combina com o que o meu coração quer desdizer.
Alfinete, predregulho, iluminura, tangência, exatidão,
tudo tão longe e nada se junta.
Estou aqui desnorteado, bússola traída, ímã invisível,
e os sentidos giram em todos os sentidos.

19.1.2012
A luz que você joga sobre mim
bate de banda no outono
tingindo tudo de dourado.
A luz que vem de você não conhece fronteiras nas nuvens
e sempre chega de qualquer maneira,
de alguns destes tantos modos seus de anunciar a vida.
A luz que você toda reflete traz calor tanto no verão,
e a promessa do ar mágico e morno dos invernos de nosso futuro ninho.
A luz que você foca, dispersa, concentra e tangencia, meu amor,
há de fazer brotar nossas sementes todas.

São Paulo, 20.5.2012
Ainda bem

Ainda bem que não sou uma pessoa só,
para estar com as tantas pessoas que tu és.
Ainda bem que nisso somos abençoados, a última mágica divina,
o que nos conduz ao nosso abraço.
Apenas segui os signos da vida para nos recebermos,
e que Deus preze e guarde nossa quase infantil ousadia.
Ainda bem que tão por acaso você chegou em minha vida,
 uma quieta sinfonia em meio ao alarido
do concerto maior onde existimos.
Ainda bem que você existe, porque eu também.
 Nenúfares pairam amarelos sobre os lagos,
rosas amarelas brotam em todos os jardins,
e nós aprendemos a escrever esta terna música do amanhã.

São Paulo, 16.5. 2012

Sunday, May 20, 2012

Nada que eu me lembre, examinando as fatias de meu coração no tempo, que passasse remotamente perto do que eu sinto por você. Nada, nem ninguém, que houvesse me feito assim feliz, a enxergar a vida como um eterno céu róseo de outono, onde cores aquecem, onde a pálida luz nos ilumina sem fanfarras, festivais, sem exuberância (e onde, não obstante, há este tanto desejo tão presente). E é por adivinhar você assim, como as cores inesgotáveis de seus cabelos, é por ouvir todas as duas desencontradas vozes que eu amo você assim sem medida: não há centímetro, polegada, metro, acre, hectare que lhe meça, e você está em cada arfar de meu respiro, em cada passo de meus passos, em todas as vidas da minha vida. São Paulo, 19/5/2012
Se você fosse um planeta seu nome seria regaço, orvalho da manhã a resgatar o verde, sereno da tardinha convidando a noite. Se você fosse uma hora, seria elas todas, anunciadas por tua luz e teu escuro. Sopra uma brisa no mundo, e ela vem de você. São Paulo, 30 de abril de 2012