Wednesday, April 11, 2007

Gripe


















Meu amor está trancado na vitrina.
Cerro os punhos esmurro seco o vidro mas não adianta nada:
A blindada transparência apenas me devolve sua dureza
E limpo num pano amarrotado o sangue que brota das minhas juntas.
Espremo o tecido vermelho na calçada, e curiosos se juntam para ver.
Ó moço, o que deu tal destempero? Ó moço, tu quer roubar os doces?
Retiro o sal dos olhos e miro os doces na vitrina.
Não é o amor, são doces.
Meus olhos é que andam confundindo tudo.
Meus olhos é que desenxergam e me desencaminham,
Mundo malcriado a me deixar assim febril.

Zé Eduardo
São Paulo
11/04/2007

1 comment:

  1. Um dos mais bonitos... emocionante! Continue sua caminhada sempre, zé mané... beijos!

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