Meu corpo ainda dói todas as manhãs,
e me levanto vestindo chinelos
e tateio sempre o caminho das relíquias pisoteadas.
Sincopadamente a vida prossegue
no tango de becos abandonados onde as sombras dançam
neste alheamento dos dias que são sempre quartas-feiras,
terças-feiras, oitavas dedilhadas em teclado que a morte desafinou.
Eu respiro você a cada manhã e a cada respirar,
fumaça espiralando conjeturas,
tudo que nunca mais vai ser,
tudo que eu queria que um dia ainda fosse.
Sunday, May 30, 2010
Thursday, May 13, 2010
Outono
Esta melancolia
de bule fervendo e galinhas ciscando no quintal.
Esta triste limitação do tempo
e o jogo com bola de meia no fim da tarde na rua Oscar Freire.
Esta abundância da memória em que eu patino rouco e desatinado,
estas damas-da-noite cujo cheiro busco em todos os cheiros.
Este túnel de infindo comprimento,
esta luz baça de lamparina pendurada na porta,
a poeira que a vassoura varre que paira no ar como uma neve.
Bafejo no espelho e escrevo nele com o dedo que eu te amo,
sopro o ar frio esta fumaça de inverno precoce,
este precoce encanecer de tudo.
13.5.2010
de bule fervendo e galinhas ciscando no quintal.
Esta triste limitação do tempo
e o jogo com bola de meia no fim da tarde na rua Oscar Freire.
Esta abundância da memória em que eu patino rouco e desatinado,
estas damas-da-noite cujo cheiro busco em todos os cheiros.
Este túnel de infindo comprimento,
esta luz baça de lamparina pendurada na porta,
a poeira que a vassoura varre que paira no ar como uma neve.
Bafejo no espelho e escrevo nele com o dedo que eu te amo,
sopro o ar frio esta fumaça de inverno precoce,
este precoce encanecer de tudo.
13.5.2010
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