Saturday, November 25, 2006




Esta é a minha trigésima sétima vista do Monte Fuji. Tks, Hokusai, for all your beauty






Quanto tu rostro, desde um sencillo marco
Resplandecia sobre la mesa
Yo olvidaba la valentia, la gloria e las hazañas
De esta amarga tierra.
Pero llegó la hora de tu partida
A la noche lancé el anillo de los recuerdos
Tu entregaste tu vida a outro
E yo olvidé tu belo rostro.
Los dias volaban e giravam como um enjambre maldito
La pasión e el vino me reducian a escombros.
Te recordaba ante el altar
Y llamándote, llamava a mi juventud.
Te llamava pero no respondias.
Lloré, pero no te comovieran mis lagrimas,
Envuelta dolorosamente en tu capa azul
Te tragó la noche húmida.

Amor, dulce amor
No sé donde fué a refugiarse tu orgullo herido...
En sueños sigo viendo tu capa azul
Y la noche húmida que te arrancó de mi lado.

Ahora es imposible soñar en ternuras o glorias,
Todo pasó, la juventud pasó,
Y mi mano cansada
Retiró de la mesa su retrato.

(Alexander Blok, 1908)

Thursday, November 16, 2006

Movimento dos barcos

(Jards Macalé e Capinan)

Estou cansado e você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz que eu lhe roubei
E o futuro esperado que eu não dei
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais
Que passa ao largo do nosso corpo

Não quero ficar dando adeus
As coisas passando, eu quero
É passar com elas, eu quero
E não deixar nada mais
Do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço no seu corpo

Não, não sou eu quem vai ficar no porto
Chorando, não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos, movimento

Wednesday, November 15, 2006

Converso com meus filhos pelo MSN e a saudade bate brutal. Eles são minha luz, minha esperança, tudo pelo que sempre vivi na vida. Continuo ouvindo os sapos e olho a casa em torno toda encaixotada para uma nova mudança. Como nem tudo caberá em minha nova casa, distribuo livros, móveis, quadros, aguardando que um dia consiga colocar tudo sob o mesmo teto. Assim como espero um dia reunir minha prole sob o mesmo teto. Deve ser, alem do amor, um sentimento arraigado, esta vontade ancestral de reunir a família na mesa de refeições, prepapar os pratos para eles, me cercar de tudo o que eles têm de doce, de amargo, como se o amargo fosse apenas o gosto de um licor depois do almoço. Felipe, Sophia, Olivia, meu amor todo para vocês.
Como nos sonhos,
Detrás do rosto que nos olha não há ninguém.
Anverso sem reverso,
Moeda de uma só efígie, as coisas.
Essas misérias são os bens que o precipitado tempo nos deixa.
Somos nossa memória,
Somos este quimérico museu de formas inconstantes,
Esse montão de espelhos rotos.
(J.L. Borges)

Saturday, November 11, 2006

Tuesday, November 07, 2006

Os sapos não coacham.
Os sampos mantram a noite,
chocheiam melodias concertadas,
engolem incautos transeuntes
a voar no espaço aéreo da eterna solidão do brejo.
Os sapos mergulham na umidade das coisas
e dela extraem o canto que os inflam
como balões em festa.
Os sapos cantam para que durmamos
o sono de todos os anjos que invocam
no coral de água doce,
fluido, vozes de girinos
treinados desde cedo a secar na secura do tempo futuro.
Os sapos melifluam, imaginam que não imaginam.
Os sapos são a vida presente.
(Zé)