Os sapos não coacham.
Os sampos mantram a noite,
chocheiam melodias concertadas,
engolem incautos transeuntes
a voar no espaço aéreo da eterna solidão do brejo.
Os sapos mergulham na umidade das coisas
e dela extraem o canto que os inflam
como balões em festa.
Os sapos cantam para que durmamos
o sono de todos os anjos que invocam
no coral de água doce,
fluido, vozes de girinos
treinados desde cedo a secar na secura do tempo futuro.
Os sapos melifluam, imaginam que não imaginam.
Os sapos são a vida presente.
(Zé)
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