Quando seu rosto não mais trafegar em meus sonhos,
Aparição da mais doce fantasia,
Quando suas pernas se desentrelaçarem de minhas memórias,
A libertar as imagens dos dias e das noites que amamos juntos,
Quando seus densos olhos deste denso verde não mais iluminarem madrugadas
E se fecharem para mim como se fecham comportas, represando o desejo que jorra, água pura,
Quando tua boca perder o tom do meu encanto,
A me embalar e estremecer em sua musica,
Quando os ventos baterem as pesadas portas abertas do meu querer,
E eu me encontrar vazio, só, nu diante da descoberta,
Quando seus pés não mais sugerirem carinhos,
Toque das minhas mãos em tua úmida intimidade,
Quando a chuva enfim lavar tudo que escrevi na areia do tempo,
As palavras solenes, incorruptíveis,
Aí terei te esquecido.
Ai terei depositado a espada que retirei da pedra como eleito
Num forçado retiro da batalha cujas todas frentes não conheci jamais.
Você aparecerá com seus cabelos banhados nos rios
A beleza deslizando a cada gota que escorre de seu corpo,
Surgirá como desconhecida a um coração desbotado pelo tempo,
Mergulhará de novo das profundezas de onde veio
E afogará minha dor, meus mitos, meu amoroso destempero, minha graça,
Apagará a luz que apagada se encontrava pelo olvido,
Desligará a energia que me ligava a você
E fazia desfilar as suas magias, uma a uma,
Sucessão de retratos de um álbum guardado na gaveta.
...
Por enquanto, quieto em meu desterro,
Te amo.
Zé Eduardo
Brasília, 18/1/2007
E ela disse o que?
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