A teia do tempo
Tece, tecedeira, estes fios que um dia a vida há de cortar.
Fia em seu tear as tramas que um dia jazerão esquecidas num sagrado e oculto sótão.
Escolhe com rigor as cores: violeta, para os mortos; amarelo, para aqueles que esperam,
Vermelho para o baile, a morte – o cinza, para depois de tudo.
Tece o chale que a envolverá na noite,
Aquietando cabelos em desespero.
Tire de seu corpo estes tantos panos úmidos de desconforto,
Descubra-se para a lua que tarda.
Cubra teus peitos dos sangüíneos tecidos da paixão
Mas não deixe que a vejam assim, bifurcada.
Ore por seu ofício, a vida.
Zé Eduardo
Brasília
19/1/2007
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