Não coço publicamente as feridas
Ou deixo que virem chagas,
Ainda que meu coraçao se escame,
Ferida exangüe.
Não canto samba-canção,
(E de fabrica nenhuma saístes
A merecer apitos, quiçá fossem três.)
Meu coração não vacila como se a leitura
Fosse o eterno ondular das imprecisas impressões
Dos eletrocardiogramas.
Nem minhas chagas torno invisíveis
No escuro de tantas desatinadas noites,
Nas quais me ponho qual latrina a aceitar dejetos.
Não fujo do gozo como o diabo da cruz
Que nem sequer comecei a aprender a carregar,
Ou cultuo a igreja que me impôs tal pecado.
Não aceito o que me afirmam tão torto.
Não sambo em tua quadra as canções que mal conheces,
Das quais apenas balbucias estribilhos
Chacoalhando languidamente
Qual cabide de armário
Trancado sempre num caminhão de mudança.
Brasília, 23/2/2007
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