Tuesday, February 27, 2007

Poema

















Tua voz ainda está descendo por estes rios.

Em todas as árvores
só se conta a tua história.
As sombras imitam formas do teu vulto,
os reflexos do sol te repetem.

Há tanto de ti
as coisas que olhaste
que se te quero encontrar
encosto o ouvido no seio da noite,
mergulho nas águas,
rolo na terra
e te sinto folhagem,
te respiro no vento.

Tudo o que em tua pele tocou,
colo de colina
chuva que te molhou,
relva em que dormiste,
pedras, estrelas, lagoas,
tudo com teu olhar me olha agora.

Teu rosto enche a paisagem circular
e voltando para cima
beija no espaço
a rosa dos dias.

Depois que anoitece,
lá fora a montanha
ainda é teu corpo branco
que se despe.

(Anibal Machado)

No comments:

Post a Comment