A mulher beduína vaga pelos desertos épicos da Síria.
A mulher beduína trafega pela poeira do meu coração.
Ela é diversa em tudo - seus olhos de heterocromia,
um da cor do damasco, outro verde como os oásis que me proporciona,
criam mundos inúmeros, a mim acostumado a óticas singulares, mas subitamente tomado de surpresa por seus encantos muitos, múltiplos e inenarráveis.
Ela não é uma mulher só, a beduína. Ela traz em si a alegre confusão do souk e a herança dos sabores e cheiros calabreses dos que cruzaram seu caminho em uma mediterrânea troca de sangues, a loira baiana que samba nos blocos, olhando o mundo de sua apreciável altura.
Mulheres beduínas não deixam nunca suas tendas, mas não esta mulher.
Ela se aventura, e em suas peraltices, traquinagens, e seu jogo de bola na rua com seus pés desmesurados provoca fenômenos sísmicos - por onde ela passa a terra treme.
A minha terra treme quando ela passa.
O meu coração nem sabe o que dizer, e ainda bem que não tem de dizer nada.
A mulher beduína é quem enfim eu quero - com seu cheiro, gosto e textura de manga em minha boca, com seu aroma de cânfora, hortelã, manjericão.
A mulher beduína tem propriedade em tudo que fala, e como fala a mulher beduína - fala de mundos reais, paralelos, transversos, e tudo nela é o mesmo mundo.
30.1.2012
No comments:
Post a Comment