São estas tuas andarilhas pernas,
Ainda que rotas,
A te levarem até mim.
São estes teus desejos bandoleiros,
Esta tua sensibilidade para a margem,
Teus desenhos de improváveis equilíbrios,
Teu abraçar as formas inconsúteis,
Teu sobrenatural dom de atravessar paredes
O que remete a este doce estado amoroso,
O espernear de tuas rebeldias
O bater de douradas sapatilhas
Em chão de minérios insuspeitos
De tuas geraes amplas, das colinas temperadas
Pelo marchar dos ancestrais
Aos quais tú tão singular prestas tributo.
São teus distantes e silentes soluçares
Nas despovoadas madrugadas de tuas dores
Que eu reluto, e luto, sempre, em habitar.
São estes teus jardins,
Oceanos vistos das serras,
É esta sede de teus córregos perenes,
É este imaginar que tuas águas nunca irão secar,
São estes divinos gestos:
O me sentar à tua mesa,
O me espargir no horizonte de teu verde,
Me encantar em tudo que em ti é acolhimento e seio.
(Não sou de escrever longos poemas,
Acho que nem sei como fazer.
Mas em tua falta é assim que te falo:
Bicicletas de aros tortos,
Formigar de coisas que fingem dormir.
Eu desde que te conheço já dei a volta ao mundo
Em tua desprocura, e tu fostes tudo que encontrei.)
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