Saturday, December 29, 2007

Tudo

Ainda que fostes um porto diferente a cada dia
(como tenho certeza que tu és),
Eu deles zarparia contigo sem temor rumo sempre
A tudo que não sei e que te descobre e te desvela,
Panos enfunados pelos ventos da fortuna,
Movimento de teus ciclos, luas adernadas em céu
De uma amplitude em que feliz mergulho
Eu que te sei tão pouco e te intuo tempestade,
Cheiro da água a molhar o chão tão seco,
O que brota de ti, borbotões de suco e sede,
Alvura de tecidos que perguntam
Onde fostes achar os solos que agora pisas,
Onde me achastes, eu que tomava por ser
Inabordável, a avançar na defesa de terras sacras
Dominadas por deuses amargos e furibundos
A clamar: não vás, não fiques, estatuária vã
De empedernidos sentimentos.
Hoje meu coração se abre como as torneiras de fontes sempre abertas,
Hoje eu, barroco, olho arquiteturas voltadas a um céu que desvendastes,
Hoje eu, gótico, como tudo que mira acima em reverência,
Caminho a passos plenos na direção de tudo que iluminas.

29.12.2007

1 comment:

  1. "Tudo". Tudo de bom pra você nessa caminhada iluminada.
    Beijos, lindo.

    ReplyDelete