Querer matar algo que não morreu
nem nunca esteve em sua hora fatal
é como acreditar no poder letal
das zarabatanas dos pigmeus de Bandar,
páginas tiradas de gibis da infância,
traços em preto e branco com a granulação
do sonho, do perdido e do desejo na solidão
de camas desarrumadas.
Querer cravar estacas a delimitar novos territórios
equivale a salgar as terras mesmas
para que nelas nada mais nasça,
ou vingue, ou cresça.
Querer empurrar para fora da vida
o que habita profundo dentro
é expulsar da alma o que nos dá pousada.
São Paulo, 19 de dezembro de 2007
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