Sunday, May 13, 2007

Eu não sei

Dizem que lá em cima reina a harmonia
E que nos céus tudo é regular.
Eu não sei.
Eu sei de supernovas, universo em expansão,
A mesma miserável condição de nós que aqui em baixo habitamos.
Dizem que a distância é o olvido,
Mas eu não estou distante, não esqueci, quero copular com minha amada todo dia.
A boca do mundo grita o impossível, e nem por isso.
Não só não estou distante: estou próximo como a chama está da morte,
Estou pleno de minhas necessidades minhas,
Solto um berro no beco sem eco,
Destrambelho o que de mim restou até que a noite durma.
E quando dormir virão os sonhos, as visões, tessitura áspera da pele tua tão ferida.
E ao acordar exalarei néctares, perfumes indizíveis.
Deus meu, por que apenas eu fui a teu encontro,
Por que escorregastes nas pedras na beira do precipício,
Por que te acompanhei de mãos dadas quando havia um mundo a mais,
Mundo que nem não vislumbrei nem quis,
Atado que estava a teus olhos cegos?


..........


É outra manhã e a melodia destes versos torra
no sol impiedoso.
Retinas queimam a seca madrugada.
É como se eu tivesse tecnicamente abandonado a vida,
Achando que a vida fosse mais um de muitos gestos.
Não é, Catarina.
Não é, nós no cinema a experimentar o que um dia viria nunca a ser.
Indesejável, desejando, quero meus padrinhos mágicos,
Quero alguém que me desate dessa tola algaravia que é a vida.

Zé eduardo

Bsb, 5/5/2007

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