Leve embora estas porcarias destas flores.
Eu não preciso delas.
Ou dos quadros. Principalmente dos quadros,
Trancafiados em um porão de onde talvez nunca mais saiam,
mandalas gritando sufocadas pela negação.
Não há mais que eu queira com nada disto,
meus fantasmas espraiados no quintal
no reino dos sapos, entes pegajosos, escorregadios,
lagartas a se tornar borboletas
embora se tornando jamais.
Leve embora estes milhares de palavras sem eco
que não mais minha alma tocam.
Leve embora teu corpo agora exíguo
de um leito adornado pelo quadro jamais visto a dois,
imagem feita pra nada, silêncio de panos amarelos
como as vestes de monges que orar ousaram,
vestidos só com os trajes de um ritual vazio e descartável,
na busca dos sentidos onde eles jamais moraram ou morarão.
Leve embora daqui teus agasalhos, panos um dia úteis para minha pele tão fria,
disfarces, engodos, onde tudo estava e nunca esteve e continua a estar,
como a coceira nos meus pés, como meus confusos cabelos
enfim ordenados como se o mundo tivesse chegado a um acordo
que nos abandonasse pra sempre,
sendo o sempre infindo fazer
a marca de nosso ser na vida.
Zé Eduardo
26/01/2008
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