Nenhum ser humano sabe nunca jamais
se o tempo lhe fará justiça.
Entrementes, vivemos, e os sinos tangem sós em suas torres o passar das horas.
Nada mais podemos esperar porque seremos sempre julgados, ainda que à revelia,
por pecados, omissões, coisas que deixamos de dizer quando o momento se fez apropriado.
Somos um reflexo tardio de nós mesmos,
e nossos gestos pouco importarão, relegados ao olvido das sombras e das cinzas.
Somos esta triste matéria bruta que julgamos ter polido e cinzelado,
enquanto outras mãos moldam a memória que de nós irá restar,
e quedamos mudos com tantas palavras
que nos amaldiçoam e nos glorificam.
Somos uma tarde de convecções nossas, e alheias,
num quieto tumulto que há de nos comer, vermes sobre corpos insepultos.
Somos uma triste memória
a viver sempre aquém da eternidade,
presos ao que no fundo pouco nos diz respeito.
Amamos, somos amados,
e nosso consolo é ter vivido,
ainda que de precária forma,
porque nada restou de uma herança de miséria.
São Paulo, 4 de março de 2013
se o tempo lhe fará justiça.
Entrementes, vivemos, e os sinos tangem sós em suas torres o passar das horas.
Nada mais podemos esperar porque seremos sempre julgados, ainda que à revelia,
por pecados, omissões, coisas que deixamos de dizer quando o momento se fez apropriado.
Somos um reflexo tardio de nós mesmos,
e nossos gestos pouco importarão, relegados ao olvido das sombras e das cinzas.
Somos esta triste matéria bruta que julgamos ter polido e cinzelado,
enquanto outras mãos moldam a memória que de nós irá restar,
e quedamos mudos com tantas palavras
que nos amaldiçoam e nos glorificam.
Somos uma tarde de convecções nossas, e alheias,
num quieto tumulto que há de nos comer, vermes sobre corpos insepultos.
Somos uma triste memória
a viver sempre aquém da eternidade,
presos ao que no fundo pouco nos diz respeito.
Amamos, somos amados,
e nosso consolo é ter vivido,
ainda que de precária forma,
porque nada restou de uma herança de miséria.
São Paulo, 4 de março de 2013
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