Sunday, June 01, 2014

O cheiro do mundo


Acreditava eu cego estar trilhando surrados caminhos deste mundo,
apoiado em castão de duro metal,
segura empunhadura para aquele que tateia
a ausência de tudo.
Em verdade eu em tudo acreditava para não crer em verdade em nada,
protegido em confortável bruma até o fim provável de meus dias.
Sem querer ser acordado a contragosto despertei,
e a agressiva luz do dia machucava minhas retinas
e durante anos eu estremunhei
até que meus olhos abriram e perceberam sua presença.
Hoje deliberadamente eu quero
que seus cabelos loiros toldem minha visão,
porque assim eu posso cheirar o mundo que agora enxergo.

19.1.2014

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