Sunday, June 01, 2014

O jardim dos fragmentos



Como o lanterninha que depois de 20 anos no cinema
Viu centenas de inícios de películas sem nunca saber como terminam.
Azulejo quebrado em lascas que não dá mais para colar,
Alvenarias destruídas por tornados
Qual casinhas de brinquedo de madeira balsa.
Pele para sempre crestada pelo sol impiedoso,
Trilhas de tempo, sulcos sem nenhuma piedade.
Bate-estacas a tentar fincar estruturas duradoras nas areias movediças das fitas de ficção
(E pelo menos um final se revela),
Nuvens, aviões, gestos que se movem para lá e para cá
Intransigentemente.
Farelos de alimentos catados de calçadas sórdidas por pombas adoecidas.
Gotas bebidas uma a uma,
Garganta seca, voz nenhuma.
7/5/2014

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