Em
tudo o que eu faço, e que importa,
reina
soberana sobre mim a alma de Clodoaldo Mendonça, meu pai.
Os
caracteres traçados a pena de uma maravilhosa escrita gótica alemã,
os
filmes de Tom Mix, o cineblube operário da esquina
onde
deslumbrado vi o primeiro cinema da minha vida (e era como sempre dele veio, a
fábula moral, a legião francesa em pano de fundo),
a
curiosidade a me perseguir desde menino, este querer saber tudo
porque
afinal de contas saber tanto é de alguma forma uma forma de eu me redimir,
os
jogos de damas com suas permutas tão mais rápidas e vastas que o saber inútil
do xadrez (um afazer de preguiçosos),
as
melodias, tantas, músicas tecendo o coser do que viria a ser quem eu seria,
Zézinho, Zébedeu, filho,
os
dias tantos, pobres, famintos, embora nunca faltos,
porque
neles se sinalizava esta ordem de importância
na
qual a poesia sempre vem primeiro,
afinal
o saber que onde ando será sempre um desafio, trilha desde sempre nova,
comunhão
com tudo que é humano.
Eu
saúdo você, meu pai,
eu
inutilmente peço que você volte e choro a escrever neste anódino teclado,
tentando
com tão frágeis dedos desvender a sua herança e a sua força.
23.12.2012
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